terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um Fiat 147, uma husky e a coxinha-isca

Misha


Sim, ela era de raça. Não sei bem se era Husky Siberiano ou Malamute do Alasca e não me importo. Na verdade parecia uma miniatura de qualquer um deles, mas muito mais peluda, uma verdadeira bola de pêlos! Estava abandonada no campus da Universidade de São Paulo (USP), parecia um BomBril... Comprei numa lanchonete uma coxinha pra ela, que me seguiu e entrou no finado Fiat 147 do meu pai. Essa cena foi vista por uma pessoa que trabalhava lá no Instituto de Química, onde eu estudava. É claro que na primeira vez que essa pessoa me encontrou logo disse que tinha visto a patética cena da coxinha-isca. Na minha opinião existem outras coisas muito mais patéticas, mas meu senso de humor não era tão desenvolvido como hoje e não lhe dei a devida resposta e não vou me ater a isso nesse momento.



É claro que tinha dono, vai saber o que aconteceu pra chegar na USP. Se eles falassem... Dizem que Huskys são fujões, sei disso, mas ela não era, mesmo tendo escapado duas vezes sempre voltou pra casa. Deve ser por que vale a pena morar aqui, risos. Sempre teve muitos problemas de saúde, acredito que era usada para procriar e quando não servia mais foi abandonada. Era uma figura, super exigente, latia/uivava e batia as patas da frente na gente quando queria alguma coisa diferente pra comer. E aí de você se não der algo diferente pra ela comer... Eventualmente precisava ser tosada, tinha muito pêlo e não nos deixa penteá-la. Um dos episódios mais engraçados foi o da sua primeira tosa completa: com medo de ela ficar triste pela tosa minha mãe a deixou ficar no sofá da sala e quando meu pai chegou perguntou o que era aquilo. Minha mãe, pra brincar, disse que tinha sido recolhida da rua e ele só conseguiu dizer “mais um?”. Naquela época recolher animais da rua não um evento corriqueiro. Mal sabia meu pai o que viria depois!



Quando comecei a escrever Misha já estava bem velha. Em 2000, quando a encontrei, já não era nova. Alguns anos depois ficou banguela, só restando os caninos e os molares. Depois seu pêlo começou a ficar feio. Ficou meio surda, embora mesmo quando escutava se fazia de surda, principalmente quando o “assunto” não lhe interessava. Sempre gostou de legumes e vegetais. De cebola a alface, passando pelos adorados jilós. Sua outra mania era dormir embaixo do gabinete da pia da cozinha.

Muitos animais são abandonados quando ficam velhos. Não é fácil ver seu companheiro envelhecer, mas o mínimo que devemos a eles, pela vida a nós dedicada, é ficar ao seu lado até o fim. Foi muito difícil vê-la definhar, emagrecer, dormir quase o dia inteiro, mas isso aconteceu. Um dia estava muito mal, já não comia mais. Não sei quanto tempo a Natureza ia demorar, então a boa morte veio nos visitar. Ela foi enterrada no canteiro das roseiras em Tatuí, local onde passou seus últimos anos.

Quando fomos enterrá-la eu agachei para colocá-la no seu local de descanso. Neste momento senti uma pata no meu ombro. Era o Murray. Ele colocou a pata e quando olhei me deu uma lambida. Acho que ele sabia o que estava acontecendo.

Dia desses recebi um vídeo por e-mail. Era de uma husky chamada Misha que uivava "I love you". Ah, não aguentei, chorei mesmo. Saudades da minha Misha...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Missy: o filme que deu origem à série

O meu desvio de comportamento começou com uma cadelinha de aproximadamente 5 meses que perambulava pela rua da casa dos meus pais em São Paulo City. Lembro-me de ouvir minha mãe comentando que tinha dado água para um bichinho magérrimo. Tínhamos apenas duas cadelas na época, a Molly, que adotamos em 1992 e que nos deixou com 16 anos, e a Meg, poodlezinha que minha mãe ganhou e nos deixou muito cedo – vale dizer que ela não tinha rabo cortado e era LINDA!
Bom, ao ouvir esse comentário da minha mãe a primeira coisa que me ocorreu foi: se ela aparecer aqui de novo será minha! Foi um estalo. Adivinhem? Ela apareceu... Um trapinho sarnento, pele e osso, que foi batizada de Missy. Ficou linda após uma dose de Ivomec, vitaminas, alguns banhos e COMIDA, sim, o problema dela era FOME.
 
Ama bolinhas! É só falar “cadê a bolinha?” que ela fica vira a cabeça de lado, coloca as orelhas em posição de atenção e fica doida. A versão em inglês “Where is the little ball?” também dá resultado. Gosta mesmo é de bolinhas com apito, adora morder e ouvir o barulho. Também gosta de jogar as pobres bolinhas na piscina e ficar latindo, esperando que alguém as tire da água e devolva pra ela. Depois de uns gritos das bolinhas ela as joga de novo na piscina...
 
 
Missy hoje tem 11 anos. Está envelhecendo, já está com começo de catarata e suas patas traseiras estão cansadas. Ainda brinca com as bolinhas. Espero que ela ainda me faça companhia por um bom tempo :)