quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Murray e a concha para feijão

Como muitos por aí nasceu sem ser desejado. Sem nome, sem casa, sem dono. Cresceu nas ruas, perambulava de um lado pra outro em busca da comida do dia. Um dia tudo mudou... Foi atropelado por um Del Rey velho dirigido por um animal humano sem coração. Isso é que é azar... Resultado: lesão no nervo, insensibilidade na parte traseira, perda de controle de urina e fezes.


A história do Murray começou nesse momento. Sim, ironicamente sua história teve início com um atropelamento. Atropelado, foi resgatado. Resgatado, foi visto por uma "protelouca" que se apaixonou pelo seu olhar. Alguém suficientemente biruta pra colocá-lo no carro e levá-lo para casa. Essa biruta tem um pai que inventa coisas. E não é que uma concha para feijão se transformou num chinelo pro Murray? Chinelo que ele usa durante o dia pra poder andar e correr sem machucar sua pata, como se fosse um cão normal.



Essa é uma das diferenças entre os animais não humanos e a maioria dos animais humanos: eles não esperam por piedade, não se fazem de vítimas, vão em frente e continuam vivendo, superando suas limitações. Ele teve um nome, casa, donos, comida, cama, amigos cães, espaço pra andar, correr, amor e carinho. Não precisa nem dizer como ele retribuiu isso, quem conhece os cães já sabe. Quem não sabe talvez deva tentar descobrir...

Murray viveu bem, dentro das suas possibilidades, claro. Banhos regulares, quase diários, eram necessários. Ficou forte, começou a mexer o rabo, coisa que não fazia. Comeu seu chinelinho, depois de meses de uso. Neste dia nos mostrou que não mais precisava dele. Ele nos deixou muito cedo, era ainda muito jovem. Seu último mês de vida foi bem difícil. Sua pata traseira estava muito inchada, os antibióticos não faziam mais efeito e ele começou a emagrecer... O Dr. Gustavo estava tentando mantê-lo com alguns remédios, mas tudo caminhava para uma amputação. Eu não queria, pois tinha medo de ele passar por cirurgias, por causa do atropelamento e de todos os seus problemas. Sexta- feira ele estava bem, comeu as bolachinhas matinais, talos de couve no almoço, mas no final da tarde deu uma caída. Sábado de manhã não quis sair da casinha e estava tremendo. Meus pais o colocaram num quarto com panos e uma lâmpada pra se aquecer, mas ele se foi antes mesmo de eu conseguir chegar.


Murray foi enterrado ao lado da Misha, bem perto do local em que ele mais gostava de ficar - perto da porta da cozinha, onde ficava esperando meu pai sair pra segui-lo o tempo todo...

Um comentário:

  1. Minha querida, também faço parte desta tribo louca, em que se doa sem medo, que tu e tua família sejam eternamente abençoados. Minha mãe têm 16 cães em casa, eu por pressão, só tenho 4. Bjos

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