domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um dia eu fui um Brutus...

Ele foi o culpado pela minha queda por cães da raça doberman. Como amei esse cão, como sinto sua falta...
Sempre passo a maior parte das minhas férias de julho no interior. Saindo do terreno, que tenho só para colocar meus cachorros, e indo pra casa dos meus pais na outra quadra, vejo de longe um animal com dificuldade de andar, de porte grande, um pouco encurvado. Achei estranho e fui ver o que era, lógico que não ia deixar pra lá. Quando cheguei perto ele já tinha caído no chão. Era um dobermann preto, completamente desnutrido, sem forças pra continuar andando. Tinha feridas pelo corpo, talvez de brigas com outros cães no tempo em que ficou na rua. Cheguei a pensar que ele tinha alguma doença muito grave e que estava em estado terminal. Cogitei a eutanásia para aliviar o seu sofrimento se esse fosse o caso. Eu o prendi numa cerca, um vizinho colocou água e lhe deu uns pães, que ele devorou e vomitou logo em seguida de tão rápido que comeu. E comeu o que tinha vomitado...

 Fui pra casa, peguei o carro, o coloquei no porta-malas e fui até um vet. Um cão velho, judiado, mas sem sinal de doenças ou problemas sérios. O que ele me pediu pra fazer? Dar comida! O problema dele era fome, pura e simplesmente. Estava com uma infecção intestinal, provavelmente por ter comido lixo, mas isso era um nada perto da fome que ele tinha.


Eu o chamei de Brutus. Era grande, assustador, mas um ser inofensivo. Não enxergava direito, vivia latindo pras paredes... Talvez tivesse sido um Brutus quando jovem. E ele comeu, comeu, comeu e comeu mais um pouco. Coloquei sua história no site da Cia. do Bicho. Muitas pessoas maravilhosas o ajudaram. Ele ganhou petiscos, ração, cobertor, coleira, Biscrok, ah, como ele adorava os Biscroks...


Acredito que ele era cão de guarda, daqueles que ficam presos grande parte do dia e são soltos a noite. Isso porque no começo, mesmo tendo espaço, ele ficava escondido na casinha. Só depois de um bom tempo começou a sair e tomar sol deitado na grama. Um dia, pra dar banho nele, eu o prendi numa corrente. Ele aceitou, nunca se mostrou agressivo comigo, mas começou a morder a corrente. Por isso acho que ele vivia preso num cubículo. Eu pude dar a ele nove meses de vida boa. Ele já era velho, sabíamos que um dia ele nos deixaria, mas não pensávamos que fosse tão cedo. Um dia de manhã o encontramos morto na grama. Meu pai o enterrou debaixo de umas árvores, lugar em que sempre o víamos descansar. Ai, que saudades do meu BruBru...

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