terça-feira, 14 de junho de 2011

Skipmóvel

Meu brinde de terceiro mutirão de castração. Aliás, esse mutirão rendeu! Dele veio a Summer também. Ele veio seguindo uma senhora que estava levando alguns animais pra castrar. Sem coleira ou guia, chegou chegando, correu de um lado pro outro na escola, latiu pros cães e pros gatos que aguardavam o momento da “mutilação”! Como naquele dia o mutirão era da prefeitura pedi uma vaga para ele, afinal vivia solto pela cidade e perpetuando a espécie. Consegui e colocamos nele a ficha com o número pra ser chamado pra pesagem e pré-anestesia. Ficou o tempo todo lá na escola, sumiu minutos antes do seu número ser chamado. Paciência... Depois do almoço, quem chega chegando? Ele! Sem a ficha no pescoço, claro. Dessa vez fui mais esperta que ele e o tranquei em uma sala. Finalmente foi castrado. Acordou da anestesia, comeu o que sobrou do almoço e no fim da tarde, já bem acordado, seguiu seu caminho. No dia seguinte, quase no fim da tarde do último dia de mutirão quem chega chegando? Ele! Ficou por lá, disse oi pra todos, inclusive pro veterinário que arrancou suas bolas! Fim de mutirão, todos guardando as coisas, arrumando a escola, limpando e ele lá esperando. Os vets e voluntários vão embora, eu, minha mãe e algumas protetoras da cidade estávamos terminando de organizar tudo. Ele sentado na calçada observando a movimentação e as pessoas indo embora, sempre olhando com cara de coitado: "Vocês vão me deixar aqui? Já fui castrado, posso ser adotado!". Não pensem que não tenho coração, ir embora e deixar o pobre animal lá, sem casa, sozinho, à mercê de todo tipo de crueldade! Se eu pudesse pegaria todos, mas não posso! Enfim, ia ser a última a entrar no carro e fui surpreendida antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Como ninguém se manifestou ele mesmo resolveu a situação: não foi adotado, me adotou! Entrou no carro correndo e se instalou como co-piloto. Tudo bem, pensei em deixa-lo dar uma volta de carro, logo ele desiste e segue o seu caminho. Paramos mais a frente e ele desceu do carro. Fui embora, minha mãe me seguindo no outro carro. Ele gostou do passeio. Saiu correndo atrás do meu carro. Parei e o deixei entrar novamente. Uns quarteirões pra frente eu o deixei sair de novo. Fechei a porta e fui indo embora. Mesmo com pouquíssimos carros na rua ele quase foi atropelado. Nesse momento, eu não sabia, mas minha mãe já estava gritando no carro pra eu pegá-lo logo! Eu tentei, mas não consegui. Parei e abri de novo a porta. Ele saltou no meu colo e fomos pra casa dos meus pais, ele no meu colo, quase dirigindo no meu lugar. Fui chorando, me perguntando porque isso sempre acontece comigo. Acho que nunca vou entender o porquê. Mãe, pai: dessa vez EU não tive culpa!!! Agora ele é o meu cachorro SKIP e eu sou sua dona CRIS.

 Skip é o co-piloto oficial. É quase impossível sair de casa sem ele. As compras dominicias feitas pelo meu pai sempre envolvem um carro e o Skip. Não importa qual carro. Cor, modelo, acessórios, nada disso importa. Ele só quer andar de carro. E sabe que é domingo, dia das compras, mesmo ser ter um calendário.


Situações inusitadas ocorreram por causa dele. Quem não se diverte com a cena de um cão descabelado no banco do motorista? Como diz meu pai: "se deixar a chave corro o risco de ele ir embora dirigindo". Uma vez, meu pai parou o carro numa praça no centro da cidade. Dois senhores tomavam sol e conversavam num banco, aquela coisa boa de se viver no interior. Skip estava apertado, precisava fazer xixi! Meu pai abriu a porta, ele correu até uma árvore, fez um xixi enorme e voltou correndo para dentro do carro. Os dois senhores se divertiram com a cena...

Essa mania de ficar no carro já o colocou em situações difíceis. Quantas vezes horas depois de chegar em casa alguém pergunta: cadê o Skip? Resposta: no carro! E vocês acham que ele está lá enlouquecido, desesperado para sair? Que nada, dorme horas e horas no conforto do banco.


Dias de chuva também são complicados. A terra vermelha de Tatuhy não ajuda, assim para evitar que os bancos do carro fiquem cheios de lama meu pai desenvolveu um verdadeiro ritual para limpar as patas do Skip. Antes de abrir a porta do carro ocorre uma dança, Skip rodopia de felicidade e acaba limpando suas patas no chão antes de entrar no carro. E na hora de sair do carro? Só pela porta traseira, nunca pela dianteira. Afinal, cães da alta sociedade canina com privilégios precisam de, no mínimo, um motorista particular!
 

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