quinta-feira, 12 de junho de 2014

Brontë, aka Fransolina

Todo mutirão é uma loucura. Sempre tem animal de rua pra capturar e levar pra castrar. Isso, além das tarefas da organização e solução de problemas, que devem ser cumpridas. Nunca tem voluntário suficiente, quando tem as buchas sempre sobram pra mim. Eu queria mudar de nome nesses dias!

Eu vi a cadela no cio, logo que sai do bairro, lá em Tatuhy. Como esse tal senhor, que parecia se importar tanto com os animais, morava bem perto, pediram a ele que a capturasse. A ideia é castrar, o que fazer depois? Isso, como já estava na pergunta, fica pra depois. Deixar uma cadela cruzando enlouquecidamente nas ruas para parir nas mesmas ruas 2 meses depois? Sem chance.

Ele a capturou e levou até o mutirão. Ela foi castrada. Por mais que a gente fale, nunca volta pra rua. Mas, esse senhor, que parecia se importar tanto com os animais, ofereceu sua respectiva casa pra que ela não voltasse pra rua. Aceitamos.

Uma semana depois, ouço barulho de carro velho. Era exatamente esse senhor, que parecia se importar tanto com os animais, com a cadela debaixo do braço. "Ela briga com os meus, se você não ficar vou jogar na rua". Meu ódEo no nível máximo, sangue em ebulição. Alguns anos atrás eu ainda me controlava. Não xinguei. Imaginei a cena, ela na rua, bem em frente à casa dos meus pais. Claro que na frente da casa dele não ia jogar. Claro que eu, imbecil como sempre fui, peguei a coitada. Coloquei com George, o labrabull com distúrbios e potencialmente assassino, e Lela, a que sobrou de outro mutirão, que morava no mercado e tinha tudo pra morrer de cinomose. Não morreu. Se amaram. Por ter conquistado George, chamei-a de Brontë, como no filme com Gérard Depardieu e Andie MacDowell. Meu pai preferiu chamar de Fransolina, em homenagem ao abandonador.



Brontë nunca brigou com outro cão, é inofensiva. Mentiroso!

Mas Brontë esporadicamente tem ataques epiléticos! Vai viver na rua? Vai ser colocada em qualquer canil para que os outros animais a ataquem? George e Lela NUNCA chegaram perto dela durante os ataques. Outros cães atacariam.

Esse senhor, que parecia se importar tanto com os animais, chegou a ir mais umas duas vezes aos mutirões, até eu expulsá-lo de lá. Sim, eu, a sargento, mandei embora. Logo suas intenções ficaram claras. O aumento da divulgação de casos de atrocidades com animais, aliado ao fato de muitas pessoas realmente se importarem com eles, fez surgir uma leva de aproveitadores.

Aquela cara de velhinho coitado, magrinho, esfarrapado, tão franciscano, né? Sempre com o discurso de que ele não podia pegar um animal porque a companheira não deixava. Desmaiando de fome. Dizendo que gastava tudo que tinha com os animais. Digno de um Oscar e todos os demais prêmios.

Vejam, ele saiu do mutirão como o grande salvador dessa cadela. Só que quem terminou com ela fui eu.

Apenas o primeiro passo rumo ao seu grande objetivo, se eleger usando os animais. Sem ajudá-los. Empurrando para os outros, mas saindo como o grande salvador.

Apesar da aprência franciscana, esse senhor, que parecia se importar tanto com os animais, planejou cada detalhe da sua escalada ao poder.

Com meio milhão em dinheiro VIVO no banco, tudo fica mais fácil. Mais fácil ainda quando quem realmente se importa trabalha e se importa com os animais nada quer, além de aliviar o sofrimento deles. Nunca quisemos nada material, nem cargos, nem dinheiro.Voluntários dedicando seu tempo livre, tirando do bolso pra ajudar animais necessitados. Anônimos. Nada, além da satisfação de ter ajudado.

Fato é que Brontë, aka Fransolina, ficou conosco. Está com George e Lela até hoje. Formam o amarelil, canil dos amarelos, aquela cor de vira lata que mais tem nas ruas. Aquela cor que ninguém quer, só perdendo pros de pêlos pretos.

E o tal senhor, que parecia se importar tanto com os animais? Se elegeu, correu de mim numa manhã de sábado numa das praças da cidade. Ouviu todos os termos de baixo calão que eu conheço. Mudou seu projeto utópico pra qualquer porcaria que justificasse algo. Não fez P**** alguma. E agora? Quer ser deputado, ainda explorando os animais.

O que eu quero com essa postagem? Que algumas pessoas saibam a verdade. Pela Brontë, pelos animais que ele empurrou pra dezenas de protetoras. Por todos os machos que morreram à mingua nas ruas, brigando, doentes, porque ele não aceita a castração dos mesmos. Por puro machismo, o mais alto grau de ignorância que um homem pode ter.


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